quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ORIGEM DO CORDEL NORDESTINO I

Questão bastante polêmica é o da origem do cordel nordestino. Para vários autores, rompeu com os antigos e tradicionais estudos eurocentristas que uniam a literatura de cordel nordestina às suas congêneres espanhola e portuguesa as origens do cordel nordestino deveriam ser buscadas em criações ibéricas, como os “Pliegos sueltos” espanhóis e as “Folhas volantes” portuguesas. Partilham dessa tese, entre outros, Teófilo Braga, Sílvio Romero, Manuel Diegues Jr., Mário souto Maior e Ariano Suassuna.
Rompendo com os antigos e tradicionais estudos eurocentristas, que uniam a literatura de cordel nordestina às suas congêneres espanhola e portuguesa, a professora Márcia Abreu defende em sua tese de doutorado Cordel português/folhetos nordestinos: confrontos – um estudo histórico comparativo (UNICAMP, 1993) que o cordel nordestino é um fenômeno cultural autóctone, totalmente desvinculado do seu homônimo ibérico.
Para a autora, o cordel teria surgido a partir da Cantoria de viola, plasmando em folhetos os estilos e os gêneros textuais desenvolvidos oralmente pela chamada “Escola do Teixeira”. Para a pesquisadora, assim, as criações da Ibéria e do Nordeste representariam tradições culturais radicalmente diferentes, apesar do fundo comum de histórias orais que as aproximam, mas que, de forma alguma, estabelecem uma relação de causa e efeito.
OBSERVAÇÃO: Chama-se “Escola do Teixeira” ao grupo de poetas populares improvisadores que surgiu na serra do Teixeira, pertencente ao Planalto da Borborema, acidente geográfico localizado entre a Paraíba e Pernambuco que assinala a separação entre o litoral e o sertão, conformando uma região de transição chamada de agreste. Segundo Candace Slater, em A vida no barbante: a literatura de cordel no Brasil (1984, p. 12), essa foi a “primeira grande escola de cantadores (...). Malgrado pudesse ter havido grupos de poetas alhures, o grupo do Teixeira é indiscutivelmente o mais conhecido”. Entre os cantadores ligados a esse grupo, destacam-se os irmãos Dimas e Otacílio Batista, oriundos da família Nunes-Batista, o tronco familiar que originou a árvore frondosa da Cantoria de viola na região.

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